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Mostrando postagens de abril, 2014

Solidão.

Gostaria de esboçar nessas linhas digitais aquilo que realmente me mantém sozinha. (em espírito..em verdade...) mas é tão profundo que tenho medo de não voltar a superfície mais. conheci um cara uma vez, que havia permitido que eu o amasse, o cuidasse e respeitasse. quis muito fazer isso e acabei fazendo, de maneira desengonçada. quantas mentiras juntas. esse cara nunca me permitiu nada. e eu nunca ultrapassei barreira alguma. queria poder ter vivido com ele aquilo que sempre sonhei. queria ter vivido todos os santos clichês de amar alguém - e ser correspondida, ser correspondida, meu Deus, como nunca fui correspondida. e agora, minha tristeza se transforma em pedra-pomes, que raspa a pele morta do meu eu apaixonado. frivolamente. individualmente sozinho. quetinho. barulhento. e eu queria que isso fosse registrado de alguma forma, como a felicidade desse cara foi registrada nas páginas digitais coloridas. eu vejo sua felicidade e me espanto.  como pude não acertar

nossa rua não foi feita pra brincar

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meus passos são amargos como o gosto do cigarro. caro. avulso. 1 real. o isqueiro tá atrás da mesa, minha filha. e se por um acaso, me vissem com meu trago poderiam fazer um estrago. como minha casa ficou, em fiascos, com mais uma discussão vazia. sinto dores. domingo de páscoa. eu queria virar fumaça. mas tomo vergonha na cara e sem piedade aguento firme. continuo caminho, imaginando a minha família brigando. imagino sempre o pior, imagino porque faço parte e porque a culpa talvez pode ser minha. a falta de diálogo, de paz e delicadeza. ou a falta de compreensão, já que toda família é humana. e todo humano pulsa raiva. e quisera eu, meu Deus, não pensar nessas coisas e agir com um pouco mais de indecência e praticidade. estampar no peito a bandeira do foda-se e viver com a intensidade de um vulcão a minha vida pacata. quebrar o controle. mas atrás de mim, vem a vontade de me alinhar. então eu paro. paro, atravesso a rua. vejo crianças brincando. vejo moleques brincando de bo

toda vez que tentas esconder

aaah, a estranha mania de tentar esconder o que sente. sendo aquilo que costuma ser, no exercício diário de ser o outro, sempre. e nunca ser você .  se manter preso, mesmo sendo um ser em evolução. te entendo porque sou assim. e tudo que mostro gostar, poderia ser bem maior e diferente, caso eu não estivesse me reduzindo tanto. faço isso para ser aceita. por você. por mim. e pelos arquétipos que perambulam por aí, me deixando sempre claro que eles - os padronizados- serão sempre privilegiados em sociedade. eles serão "ouvidos". eu, sou tola em acreditar no heroísmo de ser eu mesma. afinal, é a coisa mais normal e justa desse mundo. a própria busca para deixar de ser normal e se tornar diferente, já me dá nos nervos. mas é o único jeito. talvez o segredo seja não ser tão fiel aos meus gostos e ao que eu sou. brincar de ser mais do que é e sentir que gosta de outras coisas. sentir um gosto de originalidade, flexibilidade, equilíbrio. isso se for muito necessário. por

mandar, obedecer

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acordo todas as manhãs querendo governar. com uma vontade de mandar. com uma vontade de manter todo o controle. com uma vontade de querer ouvir tudo, não falar nada. mas ainda sim comandar. e pela vontade, nasce a vaidade e eu a desprezo. então entendo minha condição, e me apaixono pela arte de obedecer. eu estou obedecendo minha mente e não quero deixar de fazer isso. e não é tão caro assim obedecer o certo. mais caro é descobrir o que é certo. eu deveria mandar? eu mando em quem? quem manda em mim? quem eu mando mandar em mim? é um estado opressor? é uma mãe amorosa? é um homem companheiro? é a minha chefia? é a minha comanda? é a minha posse? tô deitada e ainda me indago, querendo saber se devo mandar ou obedecer. Mas ainda estou num processo e para mandar é necessário obedecer. obe ceder .

monólogo eu e Larissa

e eu não consigo  consigo não consigo  consigo! mudar.  - mas não há mudança, oras. de que tantas mudanças falas? -  não sei, eu sinto que estou mudando. olha pra mim, tô mudando? - não mudou nada. (senta no chão) - alguma coisa está mudando, mas não sei o que é. - se te pertencesse, você saberia. - se não me pertence, pertence a quem? - ao tempo. - o tempo é o aditivo da mudança. - mas o tempo sobrevive sem a mudança. o contrário é impossível. - ultrajante. - impossível. - é verdade. Pois prossigamos então. (eu me levanto)  -  alguma coisa está mudando, mas não sei o que é. -  eu já sei o que é. a sua percepção das coisas. - como? - Esteve vendo coisas aonde não tinham.  - Por quanto tempo? - Até agora. - Desde que nasci? - Sim. - Como você sabe? - Porque eu sou você. - Não me convenceu. - Não quero te convencer. Quero mostrar que você sempre pensa que está mudando, numa tentativa de justificar suas ações
E um dia desses não ficaria de fora. Uma pequena observação dos espirítos - eu ainda não duvido de suas existências - e aqui estou a refletir sobre as pequenas coisas da vida. Uma viagem tranquila e rápida no mesmo ônibus de sempre. As mesmas músicas escolhidas à gosto, sempre elas no mesmo lugar, a ponto de não me satisfazarem mais, mesmo ainda sim, sendo as minhas músicas favoritas. Os mesmos estranhos que se estranham comigo nas ruas da vida, à mercê de qualquer ato fora de ordem, quase crime. Estou sempre na rotina, e e sempre esperando algo mudar.  E nesse cotidiano chato que os dias passam,  os sentidos se reascendem e se apagam

13/03

tentamos. claro que sim. olhamos pro espelho, pro corpo crescido, disfarçado nas roupas. tentamos ver através do espelho, por um momento, e voltamos para o mesmo lugar, real e comum.  a pior coisa é tentar entrar dentro de si mesmo. e a melhor coisa sobre isso é conseguir entrar. mas não pense que é possível descrever o que se vê dentro de si mesmo, é intransponível na nossa língua falha, encardida de cordialidades. perdemos o contato de tudo. ficar sobre a superfície nunca foi tão - superficial.  e as coisas com o tempo vão perdendo o sabor. e você nunca se culpa de nada, o mundo é que está cada vez mais desinteressante. bebe de outras fontes a mesma palavra, a mesma imagem. e volta-se para o espelho, indecifrável. e ainda exige explicações. como se você fosse a mulher revoltada e o mundo fosse o marido traidor. vou contar um segredo.óbvio. mas ainda é segredo. ás vezes eu tenho vontade de sumir com tudo e só sobrar eu. pegar todas as coisas, botá-las num saco de lixo e jogar na
uma vez um homem pobre, sem dinheiro ou família, desejou que no mínimo fosse reconhecido pelas suas obras. este homem trabalhava de dia e de noite. construía casas. quando ele comprava a madeira, avisava ao seu superior que ele iria se esforçar. quando ele preparava o cimento, ele avisava ao seu superior que estava fazendo um ótimo trabalho e que a massa ficaria perfeitamente consistente. quando ele conseguia os tijolos, conversava com seu superior o quão fora difícil achá-los e teve que os escolher a dedo para construir alinhadamente as paredes. esse homem via a necessidade de dizer seus feitos, porque não sentia que era reconhecido. e quando era, não era do jeito que ele desejava. de tanto trabalhar, esse homem acabou perdendo seus destaques. as mãos cansaram. o corpo não é o mesmo. não conseguia os melhores tijolos, madeiras e preparação de massas corridas. não havia muito o que se fazer. o homem então chegou a reclamar com seu superior, avisando que ele não estava sendo valorizado