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pode ser uma segunda feira, mas acredito que não seja.

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quadros vazios sem métrica, cor quadros colados na parede pintura brusca do tédio do silêncio de consultório das revistas de mala-direta do café grudado da borda do copo do dente amarelado, brilhante da baba fina que passa pela garganta chega até os seus ouvidos e te faz sentir nojo meu bojo, meio desajustado,que me incomoda a ponto de não querer usar mais. volto para o quadro. tá vazio, apesar de ter um desenho nele. são quadrados, coloridos. um quadro dentro do outro. o vazio dentro do nada. um quadro feito para esperar. os quadrados quase jogados na minha cara, querendo  dizer que esperar é o sacrifício dos inocentes.

manhã e aspirina

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algumas coisas andaram sumidas e tomei falta (em cápsulas) delas somente agora. não desmereço o quanto elas sejam importantes pra mim, e o quanto sou apegada a elas. pois bem, tomei falta de abraços. faz tempo que ninguém fica de frente e estende os braços para o laço. se não há nem abraço, que dirá afeto? onde estão essas coisas? outra coisa que senti a falta, foi das mãos. mãos dadas. poucos ainda estendem a mão e ficam. sentem o toque do outro, desabrocham calmaria. sinto falta da ação. sinto falta de lágrimas, suor e dança. estou numa casa, querendo procurar tais coisas. seria mais fácil achá-las dentro de um labirinto. ou dentro das digitais do meu dedo,meu próprio labirinto. meu corpo pede um pouco de afago, proximidade, sentidos, ação. trabalho, frequento espaço acadêmico, durmo na minha cama, e não vejo ação. quero enxergar num sei o quê, mas até o enxergar já deixou de ser ação, para ser outra coisa. mas fazer o quê, nunca vou entender a incompl

Solidão.

Gostaria de esboçar nessas linhas digitais aquilo que realmente me mantém sozinha. (em espírito..em verdade...) mas é tão profundo que tenho medo de não voltar a superfície mais. conheci um cara uma vez, que havia permitido que eu o amasse, o cuidasse e respeitasse. quis muito fazer isso e acabei fazendo, de maneira desengonçada. quantas mentiras juntas. esse cara nunca me permitiu nada. e eu nunca ultrapassei barreira alguma. queria poder ter vivido com ele aquilo que sempre sonhei. queria ter vivido todos os santos clichês de amar alguém - e ser correspondida, ser correspondida, meu Deus, como nunca fui correspondida. e agora, minha tristeza se transforma em pedra-pomes, que raspa a pele morta do meu eu apaixonado. frivolamente. individualmente sozinho. quetinho. barulhento. e eu queria que isso fosse registrado de alguma forma, como a felicidade desse cara foi registrada nas páginas digitais coloridas. eu vejo sua felicidade e me espanto.  como pude não acertar

nossa rua não foi feita pra brincar

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meus passos são amargos como o gosto do cigarro. caro. avulso. 1 real. o isqueiro tá atrás da mesa, minha filha. e se por um acaso, me vissem com meu trago poderiam fazer um estrago. como minha casa ficou, em fiascos, com mais uma discussão vazia. sinto dores. domingo de páscoa. eu queria virar fumaça. mas tomo vergonha na cara e sem piedade aguento firme. continuo caminho, imaginando a minha família brigando. imagino sempre o pior, imagino porque faço parte e porque a culpa talvez pode ser minha. a falta de diálogo, de paz e delicadeza. ou a falta de compreensão, já que toda família é humana. e todo humano pulsa raiva. e quisera eu, meu Deus, não pensar nessas coisas e agir com um pouco mais de indecência e praticidade. estampar no peito a bandeira do foda-se e viver com a intensidade de um vulcão a minha vida pacata. quebrar o controle. mas atrás de mim, vem a vontade de me alinhar. então eu paro. paro, atravesso a rua. vejo crianças brincando. vejo moleques brincando de bo

toda vez que tentas esconder

aaah, a estranha mania de tentar esconder o que sente. sendo aquilo que costuma ser, no exercício diário de ser o outro, sempre. e nunca ser você .  se manter preso, mesmo sendo um ser em evolução. te entendo porque sou assim. e tudo que mostro gostar, poderia ser bem maior e diferente, caso eu não estivesse me reduzindo tanto. faço isso para ser aceita. por você. por mim. e pelos arquétipos que perambulam por aí, me deixando sempre claro que eles - os padronizados- serão sempre privilegiados em sociedade. eles serão "ouvidos". eu, sou tola em acreditar no heroísmo de ser eu mesma. afinal, é a coisa mais normal e justa desse mundo. a própria busca para deixar de ser normal e se tornar diferente, já me dá nos nervos. mas é o único jeito. talvez o segredo seja não ser tão fiel aos meus gostos e ao que eu sou. brincar de ser mais do que é e sentir que gosta de outras coisas. sentir um gosto de originalidade, flexibilidade, equilíbrio. isso se for muito necessário. por

mandar, obedecer

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acordo todas as manhãs querendo governar. com uma vontade de mandar. com uma vontade de manter todo o controle. com uma vontade de querer ouvir tudo, não falar nada. mas ainda sim comandar. e pela vontade, nasce a vaidade e eu a desprezo. então entendo minha condição, e me apaixono pela arte de obedecer. eu estou obedecendo minha mente e não quero deixar de fazer isso. e não é tão caro assim obedecer o certo. mais caro é descobrir o que é certo. eu deveria mandar? eu mando em quem? quem manda em mim? quem eu mando mandar em mim? é um estado opressor? é uma mãe amorosa? é um homem companheiro? é a minha chefia? é a minha comanda? é a minha posse? tô deitada e ainda me indago, querendo saber se devo mandar ou obedecer. Mas ainda estou num processo e para mandar é necessário obedecer. obe ceder .

monólogo eu e Larissa

e eu não consigo  consigo não consigo  consigo! mudar.  - mas não há mudança, oras. de que tantas mudanças falas? -  não sei, eu sinto que estou mudando. olha pra mim, tô mudando? - não mudou nada. (senta no chão) - alguma coisa está mudando, mas não sei o que é. - se te pertencesse, você saberia. - se não me pertence, pertence a quem? - ao tempo. - o tempo é o aditivo da mudança. - mas o tempo sobrevive sem a mudança. o contrário é impossível. - ultrajante. - impossível. - é verdade. Pois prossigamos então. (eu me levanto)  -  alguma coisa está mudando, mas não sei o que é. -  eu já sei o que é. a sua percepção das coisas. - como? - Esteve vendo coisas aonde não tinham.  - Por quanto tempo? - Até agora. - Desde que nasci? - Sim. - Como você sabe? - Porque eu sou você. - Não me convenceu. - Não quero te convencer. Quero mostrar que você sempre pensa que está mudando, numa tentativa de justificar suas ações