balanço

É a terceira vez que escuto Fiona Apple nessa semana. Ninguém sabe que eu a conheço, e ninguém sabe o sinal que se apresenta ao ouvir tanto aquela voz melancólica. O óbvio. O não estar bem.
E tento respeitosamente manter minha vida com a dignidade de uma formiga. Tão alheia aos seus próprios sentimentos - formiga sente?- e trabalhando duro para um futuro que não existe(ainda). E o ainda é um tempo que arde, por ser tão certeiro e incerto ao mesmo tempo. E confunde, muito.

Fiona Apple é só mais uma enviada real para entreter o Rei que é  minha solidão. Não sou a mesma. Estou amargando. Estou preguiçando. Caindo, caindo. Aos dezessete. Na porta do mundo real. Cansada de tudo, cansando de mim. Realizando esforços repetidos, comendo as mesmas comidas. Sou sua comida em sabor e não me acho em feição atraente para nada, estando no nível prime da escala da neutralidade. Nunca me anulei tanto como ser humano. Nunca fui tão menos mulher, menos menina, menos atriz, menos filha. E aquilo que foi prometido a mim por não sei quem, não me pertence por ora. Porque sei que não sou tudo aquilo que deveria estar sendo, para me tornar aquilo que serei um dia. Eu só sou confusão. Daquelas nada calorosas.

Comentários

  1. Olá Larissa, passei pelo blog aqui e li seu texto, muito bacana, tem uns tempos que não nos falamos. Acabei de ouvir Fiona Apple, ouvirei sempre agora. Valeu
    Mantenha contatos.

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